EsperançarNeila Baldi style="width: 25%; float: right;" data-filename="retriever">
Naquele outubro de 2018, quando o #EleNão venceu, levei para a aula "Metal contra as nuvens", da Legião Urbana, que falava da era Collor. Hoje, sabemos que o Fiat Elba é fichinha perto do que vemos na CPI da Pandemia. Apesar da desilusão contida na música, Renato Russo termina dizendo: "Tudo passa, tudo passará. E nossa história não estará pelo avesso. Assim, sem final feliz. Teremos coisas bonitas pra contar". É preciso esperançar, dizia Paulo Freire... Lembro, então, do comercial que passou outro dia na TV. Neta e avó se falam por videochamada, a vovó faz a vacina e começa a contagem no calendário para o reencontro. A peça publicitária termina dizendo que o amor nos dá esperança. Estamos há quase 17 meses em casa, sem encontrar pessoas amadas. Lá fora, neste país, 560 mil pessoas morreram. Quando a vacinação começou, em 18 de janeiro, eram 210 mil. Quantas vidas perdidas por que a vacina não chegou a tempo? SEM TELA No início da quarentena, a cantora espanhola lançou a música "Volveremos a brindar", que diz: "Volveremos a juntarnos, volveremos a brindar. Un café queda pendiente en nuestro bar. Romperemos ese metro de distancia entre tú y yo. Ya no habrá una pantalla entre los dos." Quando vejo a vacinação chegando a jovens, mesmo que tardiamente, cresce a esperança desse café e de que não teremos uma tela entre nós. Quando me reunirei com aquela turma e dançaremos, de novo, "Metal contra as nuvens"? Assim como a vovó, olho o calendário. Já estou vacinada, mas é preciso cuidado: a variante delta está circulando e sem 70% da população imunizada o risco de novas mutações é grande, pois a transmissão está alta. SEM ESTUPIDEZ Se é o amor que nos dá esperança, neste domingo, vou celebrar. E tenho dupla celebração: o Dia dos Pais e o aniversário do meu amor. Porque é preciso celebrar que estamos vivos e vivas, apesar do desgoverno desse país que deixou milhares morrerem por falta de leito, de vacina, de cuidados. Celebrar que podemos nos encontrar, mesmo que mantendo a distância, mesmo que tenhamos que seguir protocolos. Estar viva hoje, neste país, é um privilégio. Estar com quem se ama, mais ainda. Celebro ao som do pop de Los Auténticos Decadentes: "¿Cuándo será el día en que nos volvamos a abrazar?.¿Cuándo será el día en que nos volvamos a encontrar? En un mismo lugar. Juntos para siempre." Diferente daqueles e daquelas que saem para festas e aglomerações, que celebram a estupidez, como em "Perfeição", da Legião Urbana. Todo o cuidado é pouco, cuidar de quem amamos está à frente de tudo. Falta pouco. É preciso esperar e esperançar um pouco mais. Não vamos por tudo a perder agora.
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É bem melhor aprender com o vizinho Noemy Bastos Aramburú style="width: 25%; float: right;" data-filename="retriever"> Tomando um mate gostoso, como diz o gaúcho, comecei a elaborar o mapa mental do artigo desta semana, cujo tema seria o desrespeito generalizado do comportamento humano tanto nas relações profissionais, sociais, como nas relações familiares, redundando numa "sociedade disfuncional". Esta sociedade tem gerado efeitos negativos, violências de toda a sorte, que não param de nos surpreender, seja pelos autores, pelo modus operandi ou pelas vítimas. Um exemplo disso, foi o motivo que levou o adolescente Lucas, 16 anos, a se suicidar. Ele foi violenta e covardemente agredido nas redes sociais, devido a um video que postou no Tik Tok imaginando que seria visto pelo lado cômico, jamais imaginando que teria a repercussão que teve. Eu não vi, nem quero dar visibilidade ao vídeo, mas vi a dor do pai em sua palavras:"A humanidade está doente, totalmente doente. A depressão, infelizmente... Agora estou sentindo na pele... A gente acha que só acontece na casa do vizinho e, infelizmente, aconteceu na minha casa e, infelizmente, eu não estava perto para tentar fazer algo." E, nas palavras da mãe: "Hoje eu perdi meu filho, mas preciso deixar esse sinal de alerta aqui. Tenham cuidado com o que vocês falam, com o que vocês comentam. Vocês podem acabar com a vida de alguém." Nós, pais, educadores e fazedores de opinião, não podemos concordar com estes comportamentos. Não podemos deixar passar em branco essas situações dizendo: você viu que um filho de uma cantora de forró tirou a própria vida? Eu vi, mas nem sei quem ela é. Isso já é um comportamento de uma "sociedade disfuncional". Agimos como se a dor do outro fosse algo bom, ao invés de dizer: sim, fiquei sabendo. Pobre mãe, pobre pai. Foi exatamente este comportamento de falta de sensibilidade, de humanidade que levou essas pessoas doentes a agirem desse modo, provocando o resultado morte, o que é tutelado pelo Código Penal, e, portanto, punível. O ato suicídio não é previsto como crime por razões de política criminal, de forma que a pessoa que tenta suicidar-se não comete infração penal. Entretanto, o tipo penal descrito no artigo 122 do Código Penal visa punir o terceiro que induz, instiga ou auxilia outrem ao suicídio, num quadro em que o suicida figura na qualidade de vítima. Como a lei corre para acompanhar os atos da vida, a sociedade disfuncional tem agido também no induzimento de automutilação. Assim, veio a Lei 13.968/19. Não é somente o induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio que é incriminado, como também passou a ser incluído como crime o ato de induzir, instigar ou prestar auxílio a outrem a fim de que tal pessoa se automutile, ou seja, se autolesione, cause lesões a si mesma, no próprio corpo, sem a necessidade de pretender tirar a vida. Ainda podemos mudar e devemos mudar, com os exemplos que vemos na casa do vizinho. Que Deus nos abençoe!
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